Lisboa a arder
quinta-feira, agosto 28, 2003
  - Um arco, uma fonte - a espada de Damocles -




Nota - O placard da foto é "fake"

Vem aí mais uma bizarria de PSL. A obra vai nascendo leda e mansa, num lugar duplamente simbólico...
Ninguém sabe, ninguém diz, ninguém fala. Nem pensar em colocar o já banal placard a dizer o que vai acontecer ali. Digamos que esta obra se reveste de um carácter secreto, quase clandestino, se levarmos em consideração o que vem sendo apregoado ao longo de toda a cidade - a minha obra.

1 - Pelo visão perspéctica que, ao descer Monsanto e atravessando o viaduto Duarte Pacheco, se desfruta de Lisboa, pela proximidade do centro que se adivinha no sky-line das Amoreiras, esta é uma das mais belas entradas na cidade.
2 - Mas foi ali, também, que PSL protagonizou uma das primeiras obras de camartelo do seu mandato, mandando demolir uma aberração de vários fogos de habitação social que J.Soares vinha edificando. (sim, mas foram 300.000 contos ao ar....)

O homem sonha... e depois logo se vê!
PSL teve um sonho.

- Quero um arco, um arco do triunfo mais alto e mais lindo do que aquela pimpineira de betão que deixei na Figueira da Foz.

- Quero uma fonte, uma fonte mais alta e mais bela que o pirilau do Parque Edurdo VII que herdei do meu antecessor.

- Quero fogo, muito fogo de artifício, na abertura das Festas da Cidade e assim dar um banho aos provincianos LFMenezes e RRio.


Mas a voz do Conde de Vimioso surge-lhe em suave murmúrio.
– Senhor!!! Cuidado. Mil cuidados deveis ter nessa epopeia. Há mester que não a façais ou será outro Alcácer-Kibir.
Arco não podeis, pois do outro lado estão o Almada e o Rangel.
Fonte não, parece mal Senhor, já que tantas aguardam manutenção.
Fogo não ateeis, pois tendes as bombas da Galp a escassos metros.


É ali que PSL quer dar início ao percurso onírico de túneis e desnivelamentos.
É ali que PSL vai ter as portas da "sua Bagdad".

Aguardemos




 
terça-feira, agosto 26, 2003
  - Espero que repare -



Não era este o assunto que tinha escolhido para a rentrée. Regressado há pouco a Lisboa, trazia de férias alguma vontade de retomar aqui os escritos sobre o que se vai passando na cidade. Sabia que não iria aqui falar sobre a «música compulsivamente dada» aos moradores da Baixa e Chiado, pois outros o fizeram com mais finura do que eu - abrindo até para o efeito um abaixo assinado. Sabia que não iria, para já, voltar a falar dos túneis de Taveira e Santana vulgarmente apelidados de CANAL 18, o tal por onde se passará a "fornicar" a cidade. Sobre este assunto recomendo um texto de João Cândido da Silva que li no Diário Económico. Queria, isso sim, trazer-vos aqui palavras outras que encontrei nos dias de desídia que passei. Fá-lo-ei, em breve, naquilo que tiver a ver com o «frontispício» deste blog.

O assunto que hoje trago já foi objecto de análise neste blog, mas retomo-o aqui, pelo insólito despudor que lhe descubro. Pretendo também lançar um desafio àqueles que, aqui ao lado, na blogosfera, tantas vezes não sabem sobre o que escrever. Acho que se escreve pouco sobre o que se está passar na cidade de Lisboa.

Falo-vos da tão badalada campanha eleitoral que Pedro Santana Lopes insiste em perpetuar, mesmo depois de ter ganho as eleições autárquicas. O homem não percebe que nós já percebemos o que ele ainda não entendeu. Vai daí, manda pintar um "placard" pedindo para «repararmos num pavimento que "ELE" mandou refazer». A conjugação do verbo na primeira pessoa do singular denuncia cabalmente o clima que se vive, actualmente, na CML. - Eu, eu, o outro eu, mais eu, a minha sombra e a sombra de mim - eu, os meus sete pelouros e tudo o resto... a arder.
Esta história, duplamente ridícula, deverá ser analisada quanto à natureza da informação mas também quanto à apropriação do acto na primeira pessoa.

Se for mudado o objecto da notícia, podemos ler um dia: «Vejam como estão lindas as novas tampas de esgoto desta rua. Fui eu que fiz».

Lisboa - "Pura diversão".

 
terça-feira, agosto 05, 2003
  - Pisoteio -

Por coincidência, encontrei hoje - 5.08.2003 - na Formiga de Langton referência a uma belíssima palavra que tem tudo a ver com o que ontem aqui escrevi, a propósito do Parque da Bensaúde de PSL e dos jardins de Ribeiro Teles. PISOTEIO é uma daquelas palavras quase esquecidas, daquelas que poucas vezes usamos, e que, quando nos acontecem, nos dão um conforto de alma - mas também um quase arrependimento por as termos abandonado durante tanto tempo.
Vou partir para fora de Lisboa e praticar, também eu, uma espécie de PISOTEIO. Lamentavelmente uma coisa é fazer o PISOTEIO sobre frescas relvas — outra, bem diferente, é fazê-lo por entre as cinzas, as cinzas que ficaram destes dias de ardência que ainda vivemos.
 
  - Fahrenheit 451 -


Um dia Santana Lopes mandou limpar todos os poemas, "graffiti" e "toilet jokes" que as suas brigadas encontraram desenhados nos WC dos bares de Lisboa. Os proprietários que não aderiram ficaram sem alvará e tiveram de fechar.
Entretanto Fahrenheit 451 de Ray Bradbury - F. Truffaut/1966 estreava de novo no Cinema Condes
Lisboa - "Pura diversão"
 
segunda-feira, agosto 04, 2003
  - Parques verdes, prostitutas e "graffiti" -

Episodicamente em Lisboa ainda hoje. Escrevo umas quantas palavras, tentando arredar de mim as emoções em que submergi nos últimos dias por causa do inferno que se vive no país. Até o título deste blog, embora metafórico, me arrepia. Tinha decidido não escrever mais até Setembro e partir para férias, sabendo que ao fazê-lo estaria a sucumbir entre as chamas desta cidade incendiada por PSL - e ficar eu próprio a arder entre o que se passa em Lisboa e as outras espessas labaredas que devoram o interior do país. Mas não resisto.

Queria escrever sobre o Parque da Bensaúde, ali entre a Estrada da Luz e a Rua dos Soeiros, onde se materializou mais um delírio desta autarquia que nos põe em chamas. Já abriu, mas foram só as portas pois ninguém vai passear para um parque que se quer verde e convidativo ao lazer, sem que nada esteja feito e onde em lugar do verde temos brita e terra batida a servir de revestimento. Lá onde a solução criada leva a que seja necessário colocar placards, mais uns..., advertindo sobre os muitos perigos que espreitam - lago com 80 cm de profundidade sem guardas, socalcos de 2 metros sem protecção, proibida a permanência a crianças com idade inferior a 13 anos se não acompanhadas por adultos.

Mas porquê então abrir, ainda por cima sendo Agosto o mês que os lisboetas mais estão fora da sua cidade? Para os turistas também não o creio.
Lembro-me do Arq.to Ribeiro Teles ter encetado nos anos sessenta, nos jardins da Gulbenkian, uma experiência notável. Ao invés de ser ele a definir os percursos pedonais, quis que fossem as pessoas a "desenhar", sobre a relva do seu novo jardim, numa abertura provisória, a localização das placas que constituiriam o pavimento definitivo. Mas nada de semelhante se está a passar ali no Bensaúde.
Abrir só por causa desta febre de mostrar obra feita. Abrir só durante trinta e poucos dias - e encerrar em Setembro, para obras, talvez. - Aguardemos

Queria falar sobre o Largo do Intendente Pina Manique onde a febre persecutória contra as prostitutas levou a mais uma limpeza - ali elas são maioritariamente negras. Será que também vão ser accionados os planos de reinserção? Ainda é cedo para falar de resultados.


Queria falar sobre telões, placards, cartazes e pendões produzidos pelo "gabinete de propaganda" de PSL e de toda uma "indústria" ao serviço da sua campanha eleitoral. Mas eis senão quando, na semana passada, fomos informados de que abriu a guerra aos "graffiti".
Suprema Ironia...
O maior "graffiteiro" que alguma vez passou pela Câmara Municipal de Lisboa - pois além dos meios tradicionais, também "graffita" o asfalto no Parque de Monsanto - vem ele próprio "limpar" a concorrência. «Não sou completamente contra os "graffiti"» diz PSL no Expresso de 2.08.2003. Fala depois numa espécie de acantonamento para estas tribos urbanas, como se falasse de prostitutas para reinserir.

Lisboa - "Pura diversão". 
Observatorio da politica de libertinagem de Pedro Santana Lopes enquanto Presidente da C. M. de Lisboa

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